Datafolha: Lula tem 47% no primeiro turno, contra 29% de Bolsonaro
A mais recente
pesquisa do Datafolha sobre a corrida presidencial de outubro indica a
manutenção do cenário aferido na rodada anterior, em junho, com Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) apresentando uma vantagem de 18 pontos sobre Jair Bolsonaro
(PL) no primeiro turno.
O ex-presidente tem
47% das intenções de voto, o mesmo patamar anterior, enquanto o atual ocupante
do Palácio do Planalto oscilou positivamente um ponto, com 29%. A margem de
erro do levantamento, contratado pela Folha de S.Paulo e feito nesta quarta
(27) e quinta-feira (28), é de dois pontos percentuais.
O ex-ministro Ciro
Gomes (PDT) também segue onde estava em 22 e 23 de junho: com 8%. Segue
inalterado também o grande pelotão de candidatos abaixo de 2%, encabeçado
numericamente pela senadora Simone Tebet (MDB).
O Datafolha ouviu
2.566 eleitores em 183 cidades. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior
Eleitoral sob o número BR-01192/2022.
A constância do
cenário contrasta com a grande agitação política e econômica do período entre
os levantamentos, o que traz uma boa e uma má notícia para Bolsonaro, que segue
numa inédita posição desfavorável para presidentes que buscaram a reeleição
desde que o instrumento passou a valer, no pleito de 1998.
Do lado positivo para
seus estrategistas, a escalada golpista promovida pelo presidente ainda não se
refletiu numa maior rejeição a seu nome.
De junho para cá,
Bolsonaro aumentou os ataques ao sistema eleitoral e promoveu um condenado ato
de divulgação de suas mentiras para uma plateia de embaixadores em Brasília.
Também aproveitou a
convenção do PL, domingo passado (24), para fazer nova convocação
antidemocrática para o feriado do 7 de Setembro.
Na sociedade civil, a
reação foi enorme, com a confecção dos manifestos em favor da democracia, que
serão lidos de forma conjunta em um ato em 11 de agosto na Faculdade de Direito
da Universidade de São Paulo.
Já sob a ótica
negativa para Bolsonaro, a enxurrada de anúncios de benesses econômicas, como o
aumento do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600 e, principalmente, a pressão
pela queda no preço dos combustíveis, não foram ainda muito percebidos.
No caso da primeira
medida, é preciso esperar agosto, quando o dinheiro chega às famílias menos
abastadas, para avaliar o impacto. É incerta a percepção acerca do que bancará
as medidas, no caso o populismo da chamada PEC Kamikaze. No segundo, é algo que
já está nos postos de combustíveis.
Há, contudo, um sinal
potencial: Bolsonaro ganhou três pontos percentuais, ainda uma oscilação dentro
da margem, no principal estrato socioeconômico do levantamento: aqueles que
ganham até 2 salários mínimos, que equivalem a 53% dos ouvidos.
Mas ainda está bem
distante de Lula, com 23% ante 54% do petista.
O presidente também
teve uma subida acima da margem de erro no eleitorado feminino (52% da
amostra), onde ganhou seis pontos percentuais. Perde agora de Lula por 46% a
27%.
Já o petista avançou
quatro pontos entre homens, dentro da margem que neste segmento é de três
pontos, e lidera por 48% a 32%. Bolsonaro perdeu o mesmo contingente numericamente
no segmento, que tem 48% da população.
Bolsonaro também
ampliou numericamente sua dianteira entre os evangélicos, mesmo com o escândalo
do MEC, que envolveu pastores –inclusive o ex-ministro Milton Ribeiro, que
chegou a ser preso.
Ele tem 43% (tinha
40%), enquanto Lula marca 33% (tinha 35%) no segmento que reúne 25% do
eleitorado e tem grande organização política.
Lula tem tido maior
exposição na mídia, participando de entrevistas e dando mais declarações.
Até aqui, isso não
parece ter atiçado o antipetismo que ajudou a levar o então obscuro deputado
Bolsonaro ao poder em 2018, mas é possível argumentar que a campanha de fato
não começou –a propaganda gratuita chega à rádio e à TV no dia 26 de agosto.
Na estratificação
regional, não houve saltos. Lula segue bem à frente no Nordeste (59%, ante 24%
de Bolsonaro e 8%, de Ciro), região com 27% da população. Na mais populosa, o
Sudeste (43% dos ouvidos), tem 43%, enquanto o presidente marca 28% e o
ex-ministro, 9%.
Bolsonaro só mantém
fortaleza no Norte (8% da amostra), onde empata tecnicamente com Lula (39%,
ante 41% do petista).
Na pesquisa de
intenção espontânea de voto, na qual os nomes dos candidatos não são
apresentados, também foi registrada estabilidade em relação a junho.
Lula lidera com 38% (tinha
37%), Bolsonaro marca 26% (27% antes), Ciro tem os mesmos 3% e Tebet surge com
1%. Os indecisos também se mantiveram no mesmo nível, com 25% (eram 27%).
Os candidatos estão
na praça, agora confirmados por convenções partidárias.
Após a tríade que
domina as pesquisas, há o grupo que empata tecnicamente na pesquisa estimulada:
Tebet (2%), o deputado André Janones (Avante, 1%), Pablo Marçal (Pros, 1%) e
Vera Lúcia (PSTU, 1%). Votam em branco ou nulo 6%, e 3% dizem não saber quem escolher.
Não chegam a pontuar
Luciano Bivar (UB), General Santos Cruz (Podemos), Leonardo Péricles (UP),
Felipe Dávila (Novo), Eyamel (DC) e Sofia Manzano (PCB).
IGOR GIELOW (FOLHAPRESS)SÃO PAULO, SP
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