O Hospital São Marcos pode encerrar as atividades após 70
anos de atuação.
O Hospital São Marcos, que é referência no tratamento contra o câncer, comunicou que poderá fechar as portas depois de 70 anos de atuação no Piauí. O hospital fica localizado no centro de Teresina e emitiu uma nota informando que vem enfrentando problemas financeiros há algum tempo.
A nota assinada pelo
diretor-geral da instituição, Gustavo Antônio Barbosa de Almeida, argumenta que
a defasagem na tabela do SUS não acompanha as despesas realizadas pelo São
Marcos, que trata 95% dos casos de câncer no Piauí e ainda atende gratuitamente
todos os casos de câncer de crianças e adolescentes que não possuem planos de
saúde privados no Estado.
Ainda segundo a nota, o que
impactou para a tomada da decisão foi a definição do novo piso salarial dos
enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, sem estabelecer fonte de
recursos. O Hospital São Marcos possui 785 profissionais nessa categoria.
No comunicado oficial, o
Hospital diz que está entrando em contato com o Poder Público na tentativa de
obter fonte de recursos para cumprir a Lei do Piso dos Enfermeiros. Caso
contrário, terá que deixar de funcionar, o que seria uma perda inestimável para
a saúde do Piauí e dos estados vizinhos.
Leia abaixo nota na íntegra:
A Associação Piauiense de Combate ao Câncer
Alcenor Almeida (APCCAA) vem a público esclarecer sobre a situação financeira
gerada pela promulgação da Lei nº 14.434/2022, que fixa o piso salarial para
enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem e parteiros, bem como suas
consequências para a continuidade de suas atividades no hospital São Marcos.
O Hospital São Marcos é entidade filantrópica
em atividade há quase 70 anos, prestadora de serviços de saúde e único Centro
de Alta Complexidade em Oncologia (CACON) do Estado do Piauí. Presta serviços
ao Sistema Único de Saúde (SUS), trata mais de 95% do total de casos de câncer
dos piauienses, além de que todos os casos de câncer em crianças e adolescentes
que não tem planos de saúde privados no Estado são tratados pelo hospital.
A recente promulgação da lei que fixa o piso
salarial para os profissionais de Enfermagem, a partir do momento que não
estabelece a fonte dos recursos, demanda grandes despesas imediatas para o
hospital, pondo em risco o pleno exercício de suas atividades. Como já
noticiado pela mídia nacional e manifestado pela Confederação das Santas Casas
de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas - CMB, a maioria das
instituições filantrópicas do país não tem recursos financeiros suficientes
para arcar com estes efeitos; com o hospital São Marcos a situação não é
diferente.
Desta feita, haverá um acréscimo de despesas
mensais milionário ao hospital, que não conseguirá arcar com seus compromissos
e será obrigado a restringir a prestação de serviços de saúde.
Importante registrar o respeito, admiração e
gratidão aos profissionais de Enfermagem, o reconhecimento da importância de
seu papel e a concordância com a necessidade de constante valorização da
categoria. Todavia, a lei sancionada, como foi, trará consequências drásticas à
população piauiense e à própria categoria profissional, com risco de diminuição
das oportunidades de trabalho.
Vale destacar que a direção está empregando
todos os esforços junto ao Poder Público, já tendo notificado os entes
federados bem como as autoridades públicas competentes, com o objetivo de obter
fontes de financiamento para cumprir a lei de forma sustentável.
Contudo, caso não haja uma solução para o
problema, diante de todo o cenário apresentado, terá de encerrar as atividades
do hospital.
Teresina, 18 de agosto de 2022
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